Hora da genética!
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A pandemia pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) deixou incerteza na população que teve que lidar com muitas informações e Fake News. Entre as preocupações recentes estão as notícias sobre as novas mutações do vírus e como elas podem afetar sua disseminação e a produção das novas vacinas COVID-19. Variantes como a surgida no Reino Unido têm suscitado preocupações generalizadas, por isso é preciso compreender a evolução do vírus, a terminologia usada pelos especialistas e os possíveis problemas para a geração de vacinas eficazes. O artigo publicado pela revista JAMA network: Variantes genéticas do SARS-CoV-2, explica que os vírus de RNA (ácido ribonucleico) tendem a produzir maiores taxas de mutação em sua cadeia à medida que se replicam nas células. Porém, o SARS-CoV-2 tem uma peculiaridade característica dos coronavírus, pois possui uma enzima capaz de corrigir alguns dos erros cometidos na replicação celular, produzindo menos mutações. A seleção natural determina na maioria dos casos o destino das mutações, por exemplo, as que tem vantagem competitiva são aquelas que produzem replicação viral rápida, transmissão acelerada ou que conseguem evadir a imunidade do hospedeiro, podendo aumentar sua frequência na população. Por outro lado, eventos fortuitos também podem causar que uma mutação aumente sua frequência na população; os efeitos fundadores, por exemplo, ocorrem quando um número limitado do vírus individual se estabelece em uma população específica. Assim, as interações entre a seleção natural e os eventos fortuitos moldam a evolução do vírus nos hospedeiros e nas comunidades.
Além disso, o artigo menciona a diferença notável entre os termos mutação, variante e cepa, que costumam ser usados indistintamente para descrever o panorama epidemiológico do SARS-Cov-2. À medida que o vírus se replica e é transmitido de pessoa para pessoa, surgem mutações, que são mudança na sequência da cadeia de RNA, por exemplo, a mutação D614G é uma substituição de ácido aspártico por glicina na posição 614 da glicoproteína pico do vírus. Uma variante é um agrupamento de mutações que podem ter diversos ramos ou linhagens. E, finalmente, para uma variante ser considerada uma nova cepa do vírus, ela deve ter um fenótipo comprovadamente diferente. Para isso, deve haver uma diferença em sua transmissibilidade, virulência e antigenicidade. Um caso interessante foi o da linhagem B.1.1.7, uma variante que se espalhou rapidamente no sudeste da Inglaterra. Na época de sua detecção, já havia acumulado aproximadamente 17 mutações, sugerindo uma rápida evolução viral. Em dezembro de 2020, a variante era responsável por quase 28% dos casos de infecção por SARS-Cov-2 na Inglaterra. Modelos genéticos epidemiológicos sugerem que o B.1.1.7 espalha-se um 56% mais rápido do que outras variantes. Embora não seja considerada uma cepa, sabe-se que sua disseminação é mais rápida, pelo que, as autoridades de saúde pública aumentaram os controles de biossegurança para tentar conter a expansão da nova variante para outros países. Além disso, os especialistas sugerem que a linhagem B.1.1.7 expandiu-se quando os casos de SARS-Cov-2 se espalharam pela população e aparentemente conseguiu dominar contra outras variantes circulantes, tudo isso indica que foi um processo de seleção natural. A vigilância genômica das variantes do SARS-Cov-2 concentrou-se principalmente nas mutações nos picos de glicoproteína (proteína Spike), que determinam a ligação do vírus às células. Os esforços para produzir uma vacina deram resultados, e atualmente existem algumas que já foram aprovadas pelos CDC (Centro de Controle e Prevenção de doenças) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para serem administradas à população. Duas dessas vacinas possuem tecnologia de mRNA, que instrui as células do corpo a gerar uma porção inofensiva da proteína Spike presente na superfície do vírus. Quando as células produzem uma pequena porção dessa proteína, o sistema imunológico pode reconhecê-la como um corpo estranho e gerar anticorpos. No final do processo, o corpo aprende como se proteger contra infecções futuras. Há um grande interesse no estudo da proteína Spike, pois uma modificação neste ponto de ancoragem pode comprometer a eficácia da vacina. O artigo publicado pela revista JAMA sugere que o vírus deve passar por uma compensação evolutiva, o que poderia gerar melhores propriedades virais e diminuir outras propriedades essenciais para o vírus. Por exemplo, uma mutação pode fazer com que a ligação a um receptor melhore, mas pode reduzir a eficiência na evasão de anticorpos. No momento, não há variantes ou mutações conhecidas que possam comprometer a eficácia das vacinas já aprovadas, e a imunização é um elemento fundamental para o combate à doença. Catherine Molina, Acadêmica do curso de Medicina da UNILA. Referências: - Lauring AS, Hodcroft EB. Genetic Variants of SARS-CoV-2—What Do They Mean? JAMA. Published online January 06, 2021. doi:10.1001/jama.2020.27124 -Centro de Controle e prevenção de doenças: https://espanol.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/transmission/variant.html -Organização Mundial da saúde: https://www.who.int/csr/don/21-december-2020-sars-cov2-variant-united-kingdom/es/
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AutorEscreva algo sobre si mesmo. Não precisa ser extravagante, apenas uma visão geral. Histórico
Maio 2022
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