Hora da genética!
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Você já se perguntou o motivo das pessoas terem perfis de atividades físicas diferentes? Sabemos que o desempenho atlético é uma característica extremamente complexa, sendo influenciada por diversos fatores genéticos e ambientais. Diversas questões físicas podem ajudar a determinar a capacidade do indivíduo, principalmente a força dos músculos esqueléticos usados para gerar movimento e o tipo majoritário de fibras que irão compor estes músculos. Fibras de contração rápida contraem-se rapidamente, mas cansam-se rápido também; são muito boas para atividades que exigem potência ou força. Já as fibras de contração lenta se contraem de forma mais devagar, mas duram muito tempo sem se cansar; essas fibras permitem atividades de resistência, como a corrida em um jogo de futebol. Além disso, diversas outras características também são importantes como a capacidade aeróbica, massa muscular, altura, capacidade intelectual e flexibilidade. Algumas evidências que temos hoje, são os estudos com foco nas semelhanças e diferenças no desempenho dentro das próprias famílias, sugerindo que fatores genéticos estão por de trás de 30% a 80% das diferenças entre indivíduos em características relacionadas ao desempenho atlético.
Os genes mais estudados que estão associados ao desempenho atlético são ACTN3 e ACE. Esses genes geram uma influência sobre o tipo predominante de fibra muscular, como fibras associadas a resistência e força. O ACTN3 fornece ‘’instruções’’ para a produção da proteína alfa-actinina-3 dos músculos de contração rápida (ideais para exercícios de levantamento de peso e halterofilismo). Além disso, uma variante desse gene, chamado R577X, leva a produção de alfa-actinina-3 mais curta que é rapidamente decomposta. Sabemos hoje que algumas pessoas têm essa variante em ambas as cópias genéticas, gerando assim uma redução de fibras musculares de contração rápida e aumentando a proporção de fibras de contração lenta (melhores para exercícios de resistência). Este genótipo foi identificado em diversos atletas de resistência de alto desempenho do que na população geral, entretanto, a evidência ainda não é tão forte. Já o genótipo que possui maior predomínio de fibras de proporção rápida está ligado a atletas que dependem de força ou velocidade, como corredores de curta distância ou halterofilistas. O gene ACE fornece a capacidade de produzir a ECA (enzima conversora de angiotensina), que ajuda a controlar a pressão arterial e influencia a função do musculo esquelético, embora este último não seja totalmente compreendido. Uma variação deste gene altera a atividade do gene, podendo gerar genótipos diferentes. Podendo gerar altos níveis de ECA mas também uma proporção maior de fibras de contração rápida e maior velocidade. Diversos outros genes também estão associados ao desempenho atlético, como na produção de energia para as células, na comunicação entre os neurônios e células neurais ou em diversos outros processos celulares. Mais de 150 variações diferentes de genomas ligadas ao desempenho atlético foram identificadas em alguns estudos, entretanto, o significado da maioria dessas alterações genéticas ainda não foi identificado. Sendo mais provável que o grande número de genes envolvidos gera cada um uma pequena contribuição para o desempenho atlético final. O ambiente e os genes de uma pessoa influenciam uns aos outros, por isso é um grande desafio separar os efeitos do ambiente dos efeitos genéticos, sendo mais adequado referirmos como uma combinação dos dois no desempenho atlético final dos indivíduos. Matheus Ferreira Discente de Medicina Referências: -Ahmetov II, Egorova ES, Gabdrakhmanova LJ, Fedotovskaya ON. Genes and Athletic Performance: An Update. Med Sport Sci. 2016;61:41-54. doi: 10.1159/000445240. Epub 2016 Jun 10. Review. PubMed: 27287076. -Ahmetov II, Fedotovskaya ON. Current Progress in Sports Genomics. Adv Clin Chem. 2015;70:247-314. doi: 10.1016/bs.acc.2015.03.003. Epub 2015 Apr 11. Review. PubMed: 26231489. -Webborn N. et al. Direct-to-consumer genetic testing for predicting sports performance and talent identification: Consensus statement. Br J Sports Med. 2015 Dec;49(23):1486-91. doi: 10.1136/bjsports-2015-095343. PubMed: 26582191. Free full-text available from PubMed Central: PMC4680136. -Yan X, Papadimitriou I, Lidor R, Eynon N. Nature versus Nurture in Determining Athletic Ability. Med Sport Sci. 2016;61:15-28. doi: 10.1159/000445238. Epub 2016 Jun 10. Review. PubMed: 27287074. -Medline. Is athletic performance determined by genetics?. National Library of Medicine. 2022. Acess in 12/12/2022. Disponível em: medlineplus.gov/genetics.
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AutorEscreva algo sobre si mesmo. Não precisa ser extravagante, apenas uma visão geral. Histórico
Maio 2022
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