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doenças genéticas?
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Existe uma mutação genética descoberta no ano 1994 chamada: Fator V de Leiden. Essa mutação predispõe os portadores ao tromboembolismo hereditário, ao qual gera uma desordem multifatorial que envolve a interação de fatores de risco genéticos e/ou adquiridos que afetam as proteínas do sistema anticoagulante. Dentre esses fatores, as mutações nos genes do fator V e da protrombina são as duas causas que prevalecem para o desenvolvimento da trombose hereditária.
Para entendermos um pouco melhor, é importante explicar o que é o fator V: é uma proteína plasmática formada por 2.196 aminoácidos, precursor do fator Va (fator V ativado) essencial para a síntese da trombina, responsável pela ativação da coagulação. O processo de desativação baseia-se na ligação da trombina e da proteína C à trombomodulina (presente no endotélio) convertendo a proteína C à proteína C ativada (PCA). Esta ativação ocorre na presença da proteína S (PS). O complexo PCA/ PS causa a inativação através da clivagem enzimática dos cofatores Va e VIIIa que inibem a atividade do sistema coagulante. A resistência à proteína C ativada é um dos principais fatores de risco para o tromboembolismo venoso e é a mutação do fator V de Leiden que representa uma das causas principais de resistência à proteína C. Cerca de 90% dos casos de resistência a esta proteína se devem à mutação de ponto no gene do fator V, da coagulação. Esta mutação ocorre no exon 10 do gene do fator V ocasionando uma substituição da base G/A (Guanina/Adenina) no nucleotídio 1691, resultando na troca da Arg (Arginina) pela Gln (Glutamina) na posição 506 da proteína, um dos principais sítios de clivagem para ativação da proteína C. A presença da mutação aumenta o risco de doença trombótica de três a dez vezes para portadores heterozigotos e de oitenta vezes para portadores homozigotos. Estudos mostram que a prevalência desta mutação dependerá da etnia da população estudada. A taxa da mutação dentro da população européia é de 5%, nos Estados Unidos é de 6% e praticamente ausente entre os africanos e asiáticos. Em afro-americanos é encontrada em cerca de 1%. No Brasil, a mutação está presente em cerca de 2% da população. Em pacientes portadores de doenças trombóticas, o fator V de Leiden foi observado em 20% dos casos. As técnicas de biologia molecular tornam possível a detecção de mutações, que podem ser realizadas, atualmente, como rotina laboratorial. A aplicação de teste de rastreamento destas mutações em pessoas com antecedentes clínicos e/ou familiar são de grande importância, pois permitem uma abordagem clínica antitrombótica, de modo a diminuir os riscos destas doenças. Os pacientes com doenças trombóticas (trombose venosa profunda, embolia pulmonar, trombose arterial e trombose cerebral vascular), podem ser analisados juntamente com sua família para detecção da distribuição dos alelos mutados a fim de correlacionar a presença da mutação e a sintomatologia. Finalmente, a detecção do fator V de Leiden em pacientes portadores de eventos trombóticos é recomendada para o esclarecimento das causas e para efetuar o rastreamento em membros de sua família, ainda sem o aparecimento de eventos trombóticos, de forma a avaliar os riscos associados e assim determinar um acompanhamento médico preventivo. Por: Nicolas Guzman, Acadêmico do curso de Medicina da UNILA. REFERÊNCIAS: Carvalho, Eunice B. et al. Rastreamento familiar do fator V de Leiden: a importância da detecção de portadores heterozigotos. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 83-86. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-84842005000200005>. Epub 11 Jan 2006. ISSN 1806-0870. https://doi.org/10.1590/S1516-84842005000200005. Godoy, José M. P.Fator V de Leiden. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia [online]. 2005, v. 27, n. 2, pp. 79. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-84842005000200001>. Epub 11 Jan 2006. ISSN 1806-0870. https://doi.org/10.1590/S1516-84842005000200001
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Maio 2022
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